Violencia
O filhote humano, em comparação a outros na natureza é o que tem o maior período de dependência de cuidados. O suprimento de suas necessidades básicas se prolonga bastante. E quando pensamos nas necessidades psicológicas o período é maior ainda. As construções realizadas pela criança em torno da figura que cuida dela e supre suas necessidades fazem parte de seu desenvolvimento psíquico. Sendo assim o alimento físico é concreto e também carrega um sentido simbólico em si; da mesma forma que uma criança escorraçada ou espancada acolhe tanto no seu corpo como no seu inconsciente pessoal o registro do mau trato ou violência que sofreu. Contudo a representação é recalcada. Os registros atrelados ao complexo criado a partir de vivências relacionadas à dor e violência ficam inscritos na psique embora nem toda palmada seja traumática. A potencialidade simbólica da criança já existe mesmo antes das vivências estabelecidas nos primeiros vínculos. E continua de forma mais atuante à medida que ela cresce e se torna mais capaz de brincar. Nesta relação entre violência privada e infância, a violência funciona como representante do mal no ambiente doméstico. Não podemos ser indiferentes a experiência vivida pelas crianças no seu contato com a violência dentro do lar. Esta experiência vivida no âmbito familiar pode ser perniciosa à criança justamente pela precocidade da psique infantil. Seria tendencioso afirmar que os maus tratos ou a privação, devam existir na infância para que a criança saiba contrapor bem e mal. Sendo assim encontraríamos num outro extremo o bem simbolizado pelos cuidados oferecidos a criança. Não se trata de uma experiência válida esta forma de tratamento que dada a crianças. Cabe questionar se isto é adequado neste momento onde o desenvolvimento psíquico ainda encontra-se em fase de estruturação. Teremos a oportunidade de analisar através do filme o exemplo claro dos efeitos de maus tratos na