Violencia

6304 palavras 26 páginas
Polícia e Direitos na visão dos moradores do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho

Ainda está presente na memória dos moradores da cidade do Rio de Janeiro o episódio ocorrido no dia 25 de novembro de 2010, onde indivíduos pertencentes ao grupo que controlava a venda de drogas ilícitas na favela Vila Cruzeiro foram flagrados se deslocando para o Complexo do Alemão, fugindo de uma operação policial[1]. A cena que capturava o momento da fuga de homens que anteriormente dominavam, através da coerção física, aquela localidade foi reproduzida a exaustão pelos órgãos de comunicação. Matérias jornalísticas referiam-se ao acontecimento como “O dia que o Brasil começou a vencer o crime”[2] e como “O dia em que a esperança venceu o terror”[3], reforçando dicotomias equivocadas que aludiam a uma batalha do “bem” contra o “mal”. O apoio e satisfação dos moradores da Vila Cruzeiro com a operação ganharam destaque. Os moradores de outras favelas pediam ao poder público que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) também fossem implantadas em suas comunidades. No meio deste frenesi as reflexões sobre os problemas que assolam as instituições policiais foram deixadas em segundo plano, como se não houvessem mais desafios a serem enfrentados, tais como: corrupção; abusos e arbitrariedades cometidos por seus agentes; seletividade baseada em aspectos étnicos e socioeconômicos na abordagem de suspeitos; diferenciação no procedimento de abordagem influenciado por estes critérios; baixos salários e deficiência na formação dos policiais. Passada a euforia inicial, relatos sobre abusos de autoridade e suspeitas de extorsões emergiram dos depoimentos dos moradores das diversas favelas com a presença das UPPs. Descontentamentos com o tratamento destinados por policiais tornaram-se cada vez mais recorrentes. O episódio ocorrido no Morro dos Macacos foi o primeiro a repercutir na grande mídia, quando policiais da UPP local lançaram mão do uso de força excessiva para encerrar

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