Violencia no futebol
O presente artigo tem a pretensão de explicitar que as práticas de violência produzidas pelas torcidas organizadas inflexionam-se e (re)dimensionam-se na base dos "jogos de relações" travados no cotidiano da sociedade brasileira contemporânea.
A reflexão proposta segue caráter essencialmente prospectivo e indagatório, cuja análise temática circunscreve-se em pesquisas empíricas qualitativas/críticas desenvolvidas junto às torcidas "Gaviões da Fiel", "Independente" e "Mancha Verde", sediadas na cidade de São Paulo, e sobre a violência implicada no processo de profissionalização da estrutura administrativa do futebol brasileiro, síntese das projeções políticas e econômicas de nosso Estado.
O recorte dessa reflexão se faz necessário, pois pretende-se buscar uma melhor compreensão de nosso tempo social, rompendo com visões reduzidas, conservadoras ou meramente estatísticas sobre o tema violência, bem como indicar apontamentos às modificações sentidas no cotidiano dos grandes centros urbanos brasileiros que (re)ordenam o comportamento dos grupos de jovens, em face das transformações políticas, econômicas e socioculturais em curso.
Por outro lado, mesmo com "toda" perspectiva de (re)visitar posturas mais ampliadas, sabe-se que não é muito tranqüilo iniciar discussão sobre violência, sob qualquer ótica.1 Trata-se de um tema ainda bastante penoso e pesado, do ponto de vista do objeto-sujeito, bem como do método determinista e/ou não-determinista. Contudo, em que pese a intranqüilidade exposta, caminhar é preciso e ir a fundo na questão significa atentar para as particularidades de cada violência e de como cada grupo faz uso dela ou nela está inserido. Não é tarefa (e nem abordagem) fácil!
Pois bem, é na tentativa de compreender nosso tempo social e na perspectiva de romper com visões reduzidas que são tomados como referência de observação os discursos de "autoridades" (desportivas, públicas, etc.) e de torcedores filiados para refutar atitudes e