Viol Ncia Zizek Resenha
3937 palavras
16 páginas
(*) Ricardo Moura é mestre em Políticas Públicas e Sociedade(UECE) e doutorando em Sociologia(UFC). Membro do Laboratório de Estudos da Conflitualidade e daVolência/COVIO/UECE.@ - ricardombc@gmail.com
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Resenha
Ricardo Moura*
ŽIŽEK, Slavoj. Violência - Seis Notas à Margem. Lisboa: Relógio D’Água,
2009, 202 p.
A violência talvez seja um dos conceitos mais plurais e polêmicos existentes na teoria social. Tentar definí-la sem gerar qualquer controvérsia é tarefa impossível. Isso não significa dizer que não se deva problematizá-la ou mesmo torná-la objeto de reflexão. Tendo isso em mente, chama atenção saber o que um dos principais filósofos políticos da atualidade, o psicanalista esloveno Slavoj Žižek, conhecido por sua peculiar forma de argumentação e por suas ideias que vão de encontro ao consenso estabelecido, tem a dizer sobre o assunto.
Slavoj Žižek - assim como Alain Badiou, Judith Butler, Antonio Negri e Giorgio
Agamben - é representante de uma leva de pensadores contemporâneos que renovaram o pensamento de esquerda e que se valem das mais diversas formas de conhecimento (psicanálise, teoria da literatura, arte, filosofia, marxismo) para realizar a crítica da sociedade capitalista. Por causa de um texto seu sobre o filme Matrix, Žižek recebeu a pecha de filósofo pop. A leitura atenta de seus textos, no entanto, revelam que as referências feitas a filmes, propagandas e anedotas funcionam como um elemento a mais de sua argumentação, mas sem que isso esvazie sua argumentação teórica.
Para aqueles que preferem um autor mais sistemático, Slavoj Žižek deixa a desejar. Sua obra é marcadamente fragmentária e provocativa. Violência apresenta uma variedade impressionante de provocações, paradoxos e conceitos que, por vezes, poderiam ser trabalhados de forma mais abrangente.
Essa característica, mais que um suposto desleixo do autor, é um convite à realização de um confronto entre a teoria e as práticas de uma determinada realidade social. Desse ponto de vista, as