Viol Ncia Em Manifesta Es
Se demorou dias até que muitos entendessem que a miscelânia de reivindicações se deu por causa da alienação de décadas e uma crescente insatisfação com tudo que representa as mazelas doBrazilian way of democracy, só agora começa ficar mais claro que a violência e o vandalismo que marcam as manifestações de rua também pegaram carona com intenções muito menos nobres. O movimento contra o aumento das tarifas mostrou que era possível levar muita gente às ruas e se fazer ouvir, abrindo caminho para outros pleitos, da mesma forma que vândalos e até criminosos perceberam que poderiam dar vazão aos seus instintos no meio das multidões.
É verdade que dois gatilhos foram acionados - a radicalização de alguns grupos nas primeiras ondas de protestos e a participação oportunista da militância dos partidos de esquerda e extrema-esquerda, até que o governo federal também virasse vidraça, estimulando as escaramuças com grupos que não queriam presentes as bandeiras partidárias.
No primeiro caso, ainda contou com a exacerbação da violência desproporcional das despreparadas (contra distúrbios de rua) polícias militares. Até que a pressão contra a repressão policial fez os governadores mandarem as tropas evitar a pancadaria, as balas de borracha e o gás lacrimogênio, recuo este que igualmente abriu espaços para a entrada em cena da turba antissocial.
Tentar achar um leitmotiv ideológico-político e justificável para os distúrbios violentos que se espalham feito rastilho é mera especulação. Talvez sociológico seja possível, como pano de fundo: o Brasil é uma sociedade injusta, com bolsões e cinturões de pobreza em qualquer cidade, com farta munição para gerar desassistidos sem ideologia, entre os quais os criminosos plantam raízes. E o Brasil é um país violento, sim, e os números de criminalidade comprovam, a despeito do estereótipo de bonachão que o brasileiro fez de si mesmo e que o mundo comprou.
São esses que agora