Vidas secas - resumo
Vidas secas - Graciliano Ramos Desdita, miséria e fome dos retirantes
Vidas Secas (1938), um dos romances mais fortes de nossa literatura, pode ser visto como irmão de Morte e Vida Severina, não só pela temática, mas também pela linguagem direta, seca, cortante, livre da viciosa idéia de que o texto artístico precisa ser empolado e adjetivoso.
Note o emprego da ordem direta das orações, que em sua maioria são curtas.
É impressionante como esse romance consegue arrancar beleza de material tão simples.
De fato, Vidas Secas parece uma obra predestinada a superar limitações. É econômica em sua linguagem, sem ser pobre. É modernista, sem se preocupar em desacatar a norma gramatical. É regionalista, mas enfoca problemas que vão além do Nordeste. Aliás, esse último aspecto é o que mais se destaca. A abordagem principal da obra não é exatamente a seca, mas a presença em toda parte do binômio opressão-submissão, abrindo caminho para o massacre do caráter humano, também visto na dificuldade de linguagem de Fabiano e na animalização dele e de sua família.
Supera também limitações no campo da estruturação. Seus 13 capítulos são células, cada uma com sua própria identidade narrativa. Por esse motivo há quem lhe impute a classificação de livro de contos. No entanto, pode-se vê-la também como novela, pois essas pequenas células estão interligadas, pelo fato de possuírem as mesmas personagens, no mesmo ambiente, padecendo os mesmos problemas. É mais eficaz, no entanto, perceber a visão problemática que a obra empresta ao seu herói e ao seu mundo. Seria, portanto, um romance.
No primeiro capítulo, há a apresentação dos elementos básicos da narrativa. Fica-se conhecendo a família de Fabiano, retirante por causa da seca. O mais interessante é o narrador informar que eram seis sobreviventes: o papagaio, a cadela Baleia, Fabiano, sua esposa Sinha Vitória, o menino mais novo e o menino mais velho. Dessa forma,