Vidas Secas Capítulo 7 - Inverno – Resumo
Era uma noite de muita chuva. A família se reunia em torno do fogo, que mal aquecia parte do corpo dos meninos, que não conseguiam dormir por causa do vento gelado que entrava pelas frestas das paredes e portas. Baleia observava o fogo, que pouco clareava. O filho mais velho foi buscar mais lenha. Fabiano se irritou, achava aquilo um desrespeito e iria castigá-lo. O pequeno foi enrolar-se na saia da mãe, que o defendeu.
Fabiano não pensava no futuro. Por enquanto a inundação crescia. Não havia o perigo da seca imediata, que aterrorizara a família durante meses.
De repente trovões tomaram o céu na escuridão da meia-noite, a cheia vinha arrastando troncos e animais mortos. A água tinha subido, o rio se aproximava. Sinhá Vitória teve medo que a água topasse os juazeiros, se isto acontecesse, a casa seria invadida, e eles teriam que viver no mato. A casa era forte. Os esteios de aroeira estavam bem fincados no chão duro. Se o rio chegasse ali, derrubaria apenas os torrões que formavam o enchimento das paredes de taipa. A casa resistiria à fúria das águas, e quando baixassem, a família regressaria, revestiriam o esqueleto da casa.
Algum tempo antes o soldado tinha provocado Fabiano na feira, dera-lhe uma surra de facão e metera-o na cadeia. Ele passou semanas, fantasiando vinganças, vendo a criação definhar na catinga torrada. Se a seca chegasse, ele abandonaria mulher e filhos, daria facadas no soldado amarelo, depois mataria o juiz, o promotor e o delegado. Mas veio a cheia, ele estava contente e esqueceu isso.
Estavam cheios de esperança, pois o pasto cresceria no campo, as árvores se enfeitariam, o gado se multiplicaria. Todos engordariam e talvez Sinhá Vitória adquirisse uma cama de lastro de couro.
Agora a lagoa estava cheia, tinha coberto os currais. O barreiro atingia a parede da cozinha. Atrás da casa, as cercas e as catingueiras estavam dentro da água. Chovia o dia inteiro, a noite inteira.
Baleia, imóvel,