Vida e obra de william gilbert
Os antigos gregos conheciam uma pedra, capaz de atrair pedaços de ferro, a que chamavam magneto, porque provinha da Magnésia, na Tessália. Tales de Mileto (século VI a.C.) a menciona e, no diálogo Íon de Platão (século IV a.C.), Sócrates afirma poder ligar vários anéis de ferro com o auxílio de um pedaço de magneto, comparando o fenômeno à inspiração poética. O magneto atrai não apenas o anel de ferro que o toca, mas também todos os que se aproximam do último, assim como o poeta inspirado suscita ao seu redor entusiasmos em cadeia. (Mais tarde, os romanos estenderam o conhecimento empírico sobre os fenômenos relacionados com a estranha pedra.)
Gregos e romanos, no entanto, ficaram na simples constatação e na metáfora poética, não atingindo o nível da explicação científica; quando tentavam faze-lo, permaneciam amarrados a concepções fracas e finalistas. Acreditavam que o ferro tivesse anéis para prender pequenos ganchos dos magnetos.
A Idade Média não fugiu a essas limitações. Alexandre de Afrodísia e Averroés, por exemplo, eram de opinião que o ferro se aproxima do ímã, a fim de encontrar uma natureza semelhante, como se fosse dirigido por sua causa final.
Esse panorama negativo seria modificado somente no século XIII, ao ser introduzida no Ocidente a bússola dos chineses, que a conheciam pelo menos desde o século XI. O matemático e inventor Shen Kua (1030-93) refere-se ao uso do ímã como indicador de direção, enquanto Chu Yu, em 1100, relata seu emprego na arte da navegação marítima.
Na Europa, a primeira referência à bússola encontra-se no inglês Alexander Neckan, mas é na obra "De Magnete", redigida em 1269 pelo cruzado francês Pierre de Maricourt, que se descrevem pormenorizadamente as propriedades dos ímãs. Revelando senso de experimentação surpreendente para a época, distinguiu claramente o fenômeno da bipolaridade e verificou que cada um dos pólos volta-se