Vida em comunhão
“Vida em comunhão.” Bonhoeffer, Dietrich.
Ed. Sinodal, 1982.
O livro trata de fundamentos bíblicos para a prática da comunhão diária, tanto entre irmãos em Cristo – ao que o autor chama de privilégio e cumprimento de promessa bíblica, em realidade espiritual do corpo instituído por Cristo – como da comunhão com a pessoa de Deus, e das implicações e responsabilidades dos níveis de relacionamentos para que a estrutura bíblica de comunhão e vida em comunidade seja praticada com êxito em nossas vidas.
“Não é natural para o cristão poder viver entre cristãos” (p. 05). Se isso é possível, trata-se de privilégio dentro de uma realidade espiritual para a prática dos valores cristãos. Porém, o autor acredita que o cristão deve ser reconhecido como tal a partir da perspectiva de movimento, pelo contato e convivência com os ímpios a fim de influenciá-los, levando luz onde há trevas. Desta feita, o primeiro capítulo contempla, à luz das Escrituras Sagradas, as diretrizes pela necessidade da vida em comunhão entre pessoas, com as implicações e orientações relevantes ora para a comunhão entre cristãos, outrora para a comunhão com não cristãos. Assim, a linha de raciocínio de Bonhoeffer sugere dois estágios de comunhão. O primeiro é quando se vive “entre todos os reinos da terra” (Dt. 28.25). Para explicar isso, cita-se um raciocínio de Lutero, quando se entende que os cristãos devem se sujeitar, a exemplo do próprio Cristo, a “estabelecer o Reino de Deus em meio aos inimigos”, povos que ainda desconhecem da salvação em Cristo, a qual nós já conhecemos. O povo de Deus deve ser, num primeiro e essencial momento, dispersos e espalhados entre os diferentes povos como “sementes do Reino de Deus pelo mundo” (p. 05).
O segundo estágio da vida em comunhão, proposta pelo autor, é o privilégio de viver já agora e de forma visível a comunhão com outros crentes, recordando a promessa bíblica – Zc. 10.8 e 9 – que, dentro do plano de remissão divina, o povo de Deus