Vida de Santo Antão
Santo Atanásio mostra, a partir do exemplo de Santo Antão, que não é necessário que o cristão tenha medo do demônio. Ele não tem poder. O que o cristão deve fazer é temer a Deus, ter medo de desgostá-lo, ter medo de desagradá-lo.
A vida de Santo Antão foi escrita por Santo Atanásio, um dos maiores bispos de Alexandria[1]. Para se entender o contexto dessa obra tão importante para a Igreja é necessário apresentar alguns dados biográficos sobre Atanásio. Atanásio era diácono quando aconteceu o concílio de Nicéia - famoso pela condenação do arianismo[2] - do qual participou como secretário de Alexandre, naquela época o bispo de Alexandria.
Porém, depois da condenação do arianismo, a maioria dos bispos abandonou a fé, aderindo à heresia que tinham acabado de condenar. Atanásio, por sua vez, continuou lutando para a defesa da ortodoxia. Exatamente por defender a verdade, foi exilado várias vezes, sendo que numa delas foi mandado para o Ocidente. Atanásio, então, aproveitou a oportunidade e apresentou aos ocidentais a vida monástica, utilizando como um dos instrumentos para tal empreendimento um livro sobre a vida de Santo Antão. Foi este relato, composto por Atanásio, o grande responsável pelo impulso da vida monástica no Ocidente.
A vocação de Antão é apresentada da seguinte forma:
"Com a morte dos pais, ficou sozinho com uma irmã bem pequena. Dos dezoito aos vinte anos, cuidou da casa e da irmã. Menos de seis meses depois de seu luto, enquanto se dirigia à igreja como de costume, pensava consigo mesmo e meditava, caminhando, sobre o modo como os apóstolos haviam deixado tudo para seguir o Cristo; refletia em como, segundo os Atos dos Apóstolos, os fiéis vendiam os seus bens, levavam a quantia recebida pela venda destes, colocavam-na aos pés dos apóstolos e renunciavam a ela em favor dos necessitados; que grande esperança tinham eles no Céu! Com o coração ocupado por tais pensamentos, entrou na igreja. Aconteceu que se