VIDA COMO OBRA DE ARTE
DIAS, Rosa Maria.
Nietzsche, vida como obra de arte.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira: 2011.
gustavo Bezerra do nascimento costa - Doutorando em Filosofia pela UERJ.
(FUNCAP)
Amizade, doçura e meiguice são os primeiros adjetivos que vêm à mente quando pensamos em Rosa Dias. Sinal de que argúcia e profundidade intelectual não precisam trazer consigo a arrogância e a feição carrancuda que, em geral, costumamos associar à academia. Nietzsche, vida como obra de arte, seu mais recente livro, encanta precisamente por mostrar que a profundidade de uma argumentação filosófica lúcida pode, sim, ser expressa em belas e cativantes palavras.
Composta de duas partes – “Vida como vontade criadora” e “A vida em grande estilo”
– Rosa condensa aqui o somatório de pesquisas realizadas em vários anos e esboçadas em diversos artigos, acerca da tarefa ético-estética nietzscheana de “tornar-se o que se é”, reapropriação da máxima de Píndaro. Embora sem a mesma destreza, procuraremos aqui, em poucas linhas, apontar para alguns aspectos importantes contidos nessa bela obra que, ademais, manifesta a pertinência com que a autora domina e interpreta a temática nietzscheana da criação de si.
O livro é tecido em torno de dois fios condutores complementares. O primeiro diz respeito à noção nietzscheana de vontade criadora, que Rosa Dias opõe à noção darwinista-lamarckista de sobrevivência, amparada na crença metafísica de uma vontade consciente, de um eu substancial como
REVISTA LAMPEJO Nº 1 - 04/2012
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Resenha: DIAS, Rosa Maria. Nietzsche, vida como obra de arte... pp. 119 - 122.
“princípio de ação” por detrás de cada ato (p.42)1. Enquanto esta privilegiaria o aspecto de conservação da vida, a proposta nietzscheana teria como pano de fundo a sua intensificação (idem). No cerne desta contraposição está uma reavaliação, a partir de Assim falou Zaratustra, do conceito de