Vestido de Noiva um Labirinto Temporal
Em seu conto “O jardim dos caminhos que se bifurcam” Jorge Luis Borges narra o relato de um agente de origem chinesa a serviço do exercito alemão durante a Primeira Guerra Mundial, que tem de fugir de um capitão do exército inglês. Durante a fuga ele busca abrigo na casa de um estudioso, Stephen Albert, que lhe revela uma descoberta que fizera sobre um renomado descendente do agente alemão: um famoso escritor chinês que desistira de toda sua vida por treze anos na promessa de escrever um romance e elaborar um labirinto perfeito e sem fim. Depois de morto apenas rascunhos sem ligação ou coesão foram achados, e não uma obra de romance completa com inicio, meio e fim, e nenhum labirinto fora descoberto. Albert que traduzira o romance de chinês para inglês entendeu por completo a obra do artista. O romance em si era o labirinto. O que ele explica é tratava-se de um infinito e invisível labirinto de tempo. O que o autor escreveu não foi uma história de ficção com um narrativa linear onde as ações são consequências diretas umas das outras e resultam num desfecho. Ele escreveu todas as possíveis linhas de tempo resultadas por todas as escolhas feitas pelas personagens. Ou seja, toda decisão cria uma nova linha de tempo e uma nova possibilidade de fábula. Por isso é possível o herói morrer no capitulo três e estar vivo no quatro, como o personagem do conto cita, pois existem inúmeras possibilidades de entender como os eventos se sucedem, e o próprio conceito de sucessão fica extremamente difícil de ser estabelecido. Outra característica do labirinto de tempo é que ele na verdade é cíclico “Um volume cuja última página fosse idêntica à primeira, com a possibilidade de continuar indefinidamente.” Na obra famosamente conhecida como o grande pontapé inicial do modernismo no teatro brasileiro, Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues, podemos observar vários pontos em comum com esse romance ficcional. A mistura e fusão das linhas