marcel duchamp
O CAMPO DA ARTE
SEGUNDO MARCEL DUCHAMP
DEPARTAMENTO DE ARQUITECTURA
DA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
COIMBRA / 1999
1
I
Introdução
Na relação, em arte, entre a reflexão e a prática considero importante referir que esta dissertação foi elaborada na crença de que poderá ser um investimento na minha capacidade científica para o ensino de desenho num curso de arquitectura.
Já o meu trabalho de síntese nas Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade
Científica Desenho e artifício1, procurava, no exemplo das artes plásticas, produção de conhecimento sobre a essencialidade do desenho e a complexidade do processo de desenhar, não se limitando às concretizações dos desenhos.
Nesta dissertação, encarando a instrumentalidade do desenho para além da pura manualidade, nas potencialidades que o desenho tem como extensão e pertença do pensamento, encontrei na obra de Duchamp o melhor ponto de partida para o entendimento da complexidade do pensamento criativo.
Para além do estudo de publicações de vários autores sobre Marcel Duchamp
(sendo a quantidade de livros sobre ele publicados, nos últimos anos, sintoma do crescente interesse por Duchamp), procurei antes de tudo as potencialidades comunicativas das suas criações para além das abordagens que delas foram feitas.
Neste sentido, procurei recolher o maior número de dados sobre as suas obras, tendo, inclusivamente, visitado o Museu de Arte de Filadélfia que integra, na sua colecção permanente, a colecção Arensberg, possuidora da quase totalidade das suas produções mais representativas.
Como complemento à investigação, visitei a exposição de Burne-Jones no Museu de
Orsay, em Paris (e cuja obra Escadas douradas, foi, segundo o próprio Duchamp, importante influência para a concepção do seu célebre Nu descendo as escadas) e, na relação com a poética da arquitectura, visitei a exposição patente no Museu do Louvre: