vazio espiritual

A angústia da automação - vazio espiritual

O homem é o único ser capaz de assimilar que existe para morrer.
Essa percepção leva a preocuparmo-nos com a existência e seu sentido. E como, na angústia, o indivíduo percebe esse nada que é a vida, ocorre um paradoxo: de um lado, o anseio de ser; do outro, a temeridade diante desse vazio. De fato, na história, a humanidade sempre buscou preencher o vazio existencial, fosse com crenças e ideologias, fosse com a política. Havia um maior sentimento de pertencimento às comunidade, o que dava a seus participantes um motivo pelo qual lutar. Entretanto, com o advento da pósmodernidade e todas as formas de controle da massa com ela trazidas, instalou-se, hoje, uma incapacidade nesse sentido: os jovens sofrem com o vazio existencial e, incapazes de questionar a lógica imposta que os aliena, apelas ligam o piloto automático e vivem a vida como podem.
A instalação dessa patologia social advém, principalmente, da submissão do espaço e do debate políticos aos interesses de mercado, que, na inversão de valores da hipermodernidade, operada pelo neoliberalismo, passou a ditar a lógica das relações sociais a partir da Lei da Oferta e da
Procura. Isso afetou, inclusive o processo educacional, que se tornou utilitarista, a fim, exclusivamente, de otimizar a produção. Moldou-se, assim, a representação materialista da felicidade em que “Ter é mais valioso do que
Ser”, o que, por si só justificaria a existência.
Nesse ambiente, os jovens, cuja missão histórica é questionar o velho para construir o novo, não se satisfazem, vivem na infeliz e fictícia busca por status, dando continuidade ao ciclo vicioso, gerador de um consumo crescente e fortalecedor da descartabilidade de projetos e pessoas.
No mundo pós-moderno, passamos a ser treinados e moldados para seguir o padrão que nos é imposto pela propaganda, e não para questionálo. Fazendo uso de seu poder simbólico, a mídia fabrica a pílula do consumo, como a cura para o vazio, e nós a