VATTIMO. Pós-modernidade
existia nas épocas anteriores (em que, aliás, a imitação dos modelos era um elemento de extrema importância). Com o passar dos séculos, tornar-se-á cada vez mais evidente que o culto do novo e do original na arte se liga a uma perspectiva mais geral que, como sucede na época do Iluminismo, considera a história humana como um progressivo processo de emancipação, como a cada vez mais perfeita realização do homem ideal (o escrito de Lessing sobre A educação do gênero humano, 1780, é uma expressão típica dessa perspectiva).
Se a história tem esse sentido progressivo, é evidente que terá mais valor aquilo que é mais «avançado» em termos de conclusão, aquilo que está mais perto do final do processo. No entanto, a condição para conceber a história como realização progressiva da humanidade autêntica é que se possa vê-la como um processo unitário. Só se existe a história é que se pode falar de progresso. Pois bem, a modernidade, na hipótese que proponho, termina quando – por múltiplas razões – já não parece possível falar de história uma coisa unitária. De fato, uma tal visão da história implicava a existência de um centro em torno do qual se recolhem e se ordenam os acontecimentos. Nós pensamos a história como ordenada em torno do ano zero do nascimento de
Cristo: e, mais especificamente, como um encadeamento de vicissitudes dos povos da zona «central», o Ocidente, que representa o lugar da civilização, para lá do qual existem os «primitivos», os povos
«em vias de desenvolvimento».
A filosofia, entre os séculos XIX e XX, criticou radicalmente a ideia de história unitária, revelando precisamente o caráter ideológico dessas representações. Assim, Walter Benjamin, num breve escrito de
1938 (Teses sobre a filosofia da história), afirmou que a história como curso unitário é uma representação do passado construída pelos grupos e pelas classes sociais dominantes. De fato, que se transmite do passado? Nem tudo o que aconteceu, mas apenas