Vargas
Pedro Paulo Zahluth Batos e Pedro Cezar Dutra Fonseca (orgs.), Ed. Editora Unesp
Indispensável para aqueles que se preocupam com os caminhos e descaminhos do capitalismo no Brasil. Ao abordar uma quadra histórica decisiva para o desenvolvimento nacional, a obra clarifica o sentido do período varguista e o significado de sua herança desenvolvimentista e trabalhista. Os artigos que compõem o livro partem de uma constatação: assim como o desenvolvimentismo não pode ser reduzido a um modelo estatista, intervencionista e autárquico, Vargas não pode ser resumido a um populista “autoritário”, um trabalhista “demagogo” ou um nacionalista “xenófobo”. A complexidade da era Vargas incorpora todos esses elementos, mas ultrapassa dicotomias e esquematismos.
Em matéria de política econômica, Vargas não pode ser enquadrado nas tradicionais categorias da ortodoxia ou da heterodoxia − foi, antes, um político pragmático, realista e por isso flexível. Nesse sentido, lutou contra os obstáculos que seus adversários colocavam contra a centralização de recursos financeiros e cambiais para promover o desenvolvimento. Ora defendendo o equilíbrio fiscal, ora apostando na ampliação do crédito; ora buscando se associar a organizações externas, ora promovendo a autonomia da empresa nacional, Vargas soube criar condições para viabilizar ramos fundamentais da economia nacional.
O projeto nacional-desenvolvimentista da era Vargas alavancou o desenvolvimento do Estado e do mercado no Brasil, apesar de não ter sido capaz de superar todas as restrições políticas e econômicas que impediam a industrialização pesada, e, embora não tenha logrado converter as elites ao ideário trabalhista da justiça social, pavimentou e consolidou o ideário e a prática desenvolvimentistas no Brasil.
A era Vargas legou questões fundamentais para a compreensão do país, tais como a modernização do Estado, a superação da dependência financeira e tecnológica, a