Van gogh: considerações sobre seu processo criativo
A produção artística é mais latente em determinados períodos de sua vida, que efetivamente é marcada pela miséria.
Alguns pontos de vista e conceitos psicanalíticos nos ajudam a entender um pouco de sua história.
Sua vida e forma de pintar, a confluência entre vida e obra, a articulação entre crise e inovações estéticas, a vontade de aventurar-se por terrenos inexplorados aceitando descer até o fundo de experiências de prazer e dor, deram à sua figura um notável valor estético.
O casal Theodorus e Ana inicia sua família tardiamente e anseiam por um filho para afirmar seus laços conjugais. Esse filho, ao nascer, morre.
Ainda enlutados têm outro filho que nasce exatamente um ano após a perda, 30 de março de 1853. Dão a esse filho que chega o mesmo nome daquele morto – Vincent Willem Van Gogh.
O pai de Van Gogh era um respeitado pastor protestante e sua mãe uma dona de casa e artista amadora de considerável talento. O irmão mais velho do pastor Theodorus também se chamava Vincent, não tinha filhos e esperava deixar seus bens para um herdeiro, o primogênito de seu irmão.
A mãe enlutada desejava negar a morte, e Van Gogh vem ocupar um lugar da falta de alguém cujo luto não pode ser elaborado. Era a sombra de alguém que não mais existia fisicamente.
Para MILLER (1989), “mesmo antes do nascimento de um filho, as relações entre seus genitores, são organizadas pela palavra; elas se situam no mesmo quadro das ‘leis da linguagem’. As circunstâncias que presidiram ao encontro de seu pai e sua mãe, sua própria história, já formam uma constelação que antecede até sua concepção. ‘Isso fala dele’ de múltiplas maneiras. Ele é aguardado com esperança ou com receio. Ele se impõe ou é desejado, assim como pode ser pedida ajuda da ciência para sua vinda. Não é indiferente o momento de sua chegada, que sobrevenha, por exemplo, após o luto de um parente... Será dotado de um nome sobre o qual concordam