Valeria
Era uma época do simultâneo, da justaposição, do perto e longe; era uma época em que o mundo estava tendo novos experimentos.
O entrecruzamento do tempo com o espaço era um conjunto hierarquizado de lugares divididos como sagrados e profanos, sendo que um era um lugar seguro e protegido, e o outro o contrário, todo aberto e sem nenhuma proteção e defesa; e também lugares urbanos e rurais.
O espaço de localização começou com Galileu, pois sua grande obra foi ter constituído um espaço infinito e infinitamente aberto.
O grande problema na realidade era saber mais sobre as relações sobre vizinhança, tipo de estocagem, circulação, localização, quais elementos humanos deviam ser mantidos em determinadas situações para ser concluído.
Nós não vivemos em um espaço homogêneo e vazio, mas sim em um espaço repleto de qualidades, que pode ser povoado de fantasmas. É um espaço leve, étero e transparente, ou então pode ser o contrário: um espaço obscuro, um espaço do alto ou do baixo. Todas essas controvérsias sobre o espaço se refere ao espaço de dentro.
O espaço de fora, que é o espaço em que vivemos, o espaço que tanto nos corrói, é heterogêneo.
Não vivemos em um vazio propriamente dito, mas sim dentro de um conjunto de relações que nos definem (posicionamento diante de uns aos outros) sendo difícil de ser sobrepostos.
As utopias são posicionamentos sem lugares definidos, ou seja, sem lugares reais. São esses posicionamentos que mantem com o espaço real da sociedade uma relação de analogia direta, ou o contrário.
As utopias são então espações irreais. O espelho é um exemplo de utopia, pois é um lugar sem ser exatamente um lugar, um espaço irreal. A partir do espelho nós nos vimos ausentes em tal lugar. Ele funciona como uma heterotopia, mostrando o real que é irreal.
Heterotopia é uma leitura dos espaços diferentes, de lugares, de uma