Vacina contra a Aids
Cientistas da USP dão um passo importante e, pela primeira vez, o Brasil produz um imunizante com potencial para conter o avanço do HIV
Encontrar uma vacina contra a Aids é uma das batalhas mais desafiadoras já travadas pela ciência. O HIV, vírus causador da doença, ainda detém a vantagem por sua incrível habilidade de se modificar e, assim, escapar da mira dos imunizantes em estudo. Na semana passada, a divulgação dos resultados positivos de um teste com uma nova vacina deu mais fôlego às esperanças de se chegar, um dia, a uma substância capaz de impedir a contaminação pelo vírus. E a boa notícia vem da Universidade de São Paulo, resultado de um trabalho feito por pesquisadores brasileiros. O recurso, desenvolvido e fabricado por especialistas da Faculdade de Medicina (FMUSP), foi ministrado a quatro macacos Rhesus da colônia do Instituto Butantan, em São Paulo.
Os efeitos do imunizante, conhecido pela sigla HIVBr18, surpreenderam até mesmo o cientista que lidera o estudo, Edécio Cunha Neto, professor de imunologia da FMUSP. “Não esperava uma resposta tão boa dos macacos quando abri o estudo. Eles tiveram um aumento importante da imunidade”, diz o cientista. “No pior resultado, a imunidade deles contra o HIV aumentou entre três e cinco vezes em relação a testes anteriores com camundongos. No melhor, a capacidade de identificar o vírus e produzir anticorpos específicos alimentou até dez vezes.” As defesas dos primatas têm grande semelhança com o sistema imunológico humano. Além disso, esses animais são vulneráveis ao SIV, vírus com características muito parecidas com as do HIV. “As boas respostas do organismo dos macacos indicam que há maiores chances de dar certo também em humanos”, anima-se o pesquisador.
Não é a primeira vez que na luta contra a Aids se produz uma vacina eficiente em macacos. Mas o fármaco criado pela FMUSP é o único a reunir uma coleção tão grande de fragmentos do vírus – os pesquisadores combinaram em um