Urbanizacao de favelas
Urbanização de favelas, o direito à arquitetura
O urbanismo no século XXI propõe novos desafios para arquitetos e urbanistas: agora, seus planos e projetos devem partir do conhecimento da cidade real, existente. Nesse aspecto, se distancia do urbanismo modernista, cujo ideário foi construído a partir de territórios vazios, não edificados.
O projeto da cidade contemporânea tem como ponto de partida o reconhecimento das pré-existências, ou seja, dos espaços construídos a partir de esforços individuais e coletivos, aí incluídos, de modo especial, aqueles definidos como ‘informais’ - as favelas - onde vivem mais de 11 milhões de brasileiros.
Desde os anos 1980, esses territórios, que se estabelecem à margem da legislação vigente, tem sido objeto de intensos debates profissionais. Arquitetos e urbanistas, que se dedicam a projetos de urbanização de favelas, devem superar as barreiras culturais da sua formação tradicional e abandonar seus pré-conceitos, quase sempre relacionados à ideia de carências, ilegalidade, informalidade e violência, de território que se contrapõe ao modelo idealizado pelo urbanismo modernista.
Tais pré-conceitos que se transformam em mitos repetidos à exaustão, são facilmente contestáveis. Recentemente, o Instituto Data Popular divulgou uma pesquisa sobre as favelas brasileiras. Só para citar os resultados mais expressivos obtidos junto aos entrevistados, foi constatado que 94% dos moradores se dizem felizes, 66% afirmaram que não sairiam da favela mesmo que seu salário dobrasse, 65% se consideram de classe média e 36% recebem amigos para um ‘churrasco na laje’ todas as semanas. Os moradores das favelas brasileiras representam um mercado de consumo anual de R$ 63 bilhões ao ano.
Frente a essa realidade, os arquitetos tem diante de si um enorme desafio para mostrar aos governantes que é possível desenvolver projetos habitacionais e de espaços públicos de qualidade, e que eles são essenciais para a afirmação das favelas