Univ
Que lugar resta ao livro na universidade? Por Germana Barata
10/11/2008
Os cientistas nunca foram tão cobrados a publicar, e os índices de impacto e de produção científica jamais foram tão valorizados. Crescem com eles o número de co-autores por artigo, estratégias para publicar em periódicos científicos de alto impacto e até gratificações para que as universidades garantam um lugar melhor nos rankings das melhores do país ou do mundo. Estaria a ciência se transformando em commodity, como propuseram os autores de recente artigo na Plos Medicine ? O aumento da participação brasileira na produção científica mundial, que em 2007 chegou a 2%, acompanha o desenvolvimento de ciência de qualidade ou, como acredita Lindsay Waters, editor executivo da área de ciências humanas da centenária Editora da Universidade de Harvard, tamanha quantidade reflete apenas a perda do valor intelectual? Com a hipervalorização dos artigos científicos, que lugar resta para os livros na produção acadêmica?
Apesar da enorme demanda por artigos científicos, as editoras universitárias nacionais apostam nos livros como ferramentas fundamentais para a produção do conhecimento. A publicação de periódicos é secundária e, muitas vezes, inexistente. Em pesquisa sobre os periódicos produzidos por editoras universitárias, Silvana Schultze, à época coordenadora editorial de periódicos científicos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, concluiu que as maiores dificuldades de se investir nessas publicações são a falta de regularidade, problemas de avaliação do conteúdo e o caráter fortemente institucional, que prejudica a conquista de autores de outras instituições e regiões. Há ainda a concorrência voraz por visibilidade num mar de publicações, sendo que as de alcance internacional acabam tendo espaço privilegiado, especialmente em determinadas áreas do conhecimento, como nas biomédicas e exatas.
Flávia Gloulart Mota Garcia Rosa, diretora da editora da Universidade Federal