Uma vida em segredo (Autran Dourado)
No dia da sua chegada as crianças e Constança aguardavam ansiosas. No finalzinho da tarde prima Biela chegou acompanhada de Conrado. Para todos ela foi uma decepção, mais parecia um “bicho do mato”, com um vestido de chita, calada e de cabeça baixa. Constança falava sem parar devido ao silêncio de Biela, que resolveu ir para o quarto – oportunidade em que todos se juntaram para falar das impressões que ela causara.
Conrado era o tutor da prima e zelava pela riqueza que ela havia herdado. Os primeiros dias na casa foram muito difíceis para Biela. Se tivesse coragem teria pedido ao primo que a levasse de volta para a fazenda do Fundão. Constança representava para ela muita coisa, via nela uma ternura, lembrava-se da mãe, muito cedo perdida. Chegava a compará-la com uma das santas do altar. Admirava como ela comia, como se vestia e conversava.
Os momentos na mesa eram os mais constrangedores para Biela, seguravam-se para não rir do modo que ela comia e de como se atrapalhava com os talheres. Biela tinha medo de Alfeu, ele a perturbava, ria dela. Conrado só se sentiu melhor quando a prima finalmente trocou algumas palavras com ele. Perguntou-lhe quando chegavam suas coisas lá da fazenda.
Quando seus pertences chegaram, ela os organizou e na frente do espelho arrumou o coque de modo que parecesse com o de Constança. Foi a única vez em que sentiu orgulho e, por isso, na hora do jantar saiu com o coque arrumado. Viu o riso na cara de Alfeu, mas o sorriso de aprovação de Constança e a arrumada que Mazilia deu no coque a animara. Foi assim que saiu para comprar vestidos.
Ela não