Uma vela para dario
I. Introdução
O presente artigo objetiva demonstrar a crítica social elaborada por Dalton Trevisan quanto à solidariedade artificial fomentada pela vida em sociedade.
Entremeado ao objetivo principal, discutir-se-á a possibilidade do conto em análise ser pertencente à classe dos contos-reportagem, ressaltando as características que o enquadrariam nessa classificação. Ao mesmo tempo, busca-se verificar como o autor efetua a desconstrução dos personagens e promove com o seu texto a humanização de indivíduos socialmente invisíveis.
Alfredo Bosi pontua que a interpretação é item essencial para a efetiva compreensão do texto (BOSI, 2003, p. 461). No conto “Uma vela para Dario”, pertencente à coletânea Cemitério de elefantes (1964), verifica-se que o autor não tem o objetivo de simplesmente informar sobre um acontecimento corriqueiro. É por esse motivo que a interpretação possibilitará analisar o jogo de palavras que carregam mais significados do que a superficialidade do texto nos permite observar.
Assim como há uma diversidade de palavras que carregam várias simbologias, é impossível não atentar para a importância que a linguagem jornalística tem para a obtenção de um efeito específico. A rispidez típica da linguagem de um noticiário é terreno fértil para a análise ter uma profundidade maior do que se espera. É nesse contexto que as colocações de
John Hollowell (HOLLOWELL apud ORNELLAS, 2011, p. 95) proporcionam uma visão mais ampla acerca das características do conto-reporter.
Assim sendo, a análise da mecanização da solidariedade existente no texto é subsidiada por uma visão do que vem a ser um conto-reportagem. Não se objetiva tratar