Uma tecnologia do comportamento
B. F. Skinner
Fonte: O Mito da Liberdade, pp. 9-24, ed. Summus editorial.
Na tentativa de resolver os problemas cruciais que nos afligem atualmente, é natural buscar soluções onde melhor atuamos. E, nosso campo de atuação é o do poder, ou seja, o da ciência e o da tecnologia. Para conter a explosão demográfica, procuramos métodos melhores de controle da natalidade. Ameaçados por um holocausto nuclear, construímos armas de defesa e de intimidação e sistemas de mísseis antibalísticos cada vez mais poderosos. Tentamos evitar a fome mundial com novos alimentos e melhores métodos de produção. Esperamos que o aperfeiçoamento dos serviços de saneamento básico e da medicina controlem as doenças, que melhores condições de moradia e transporte resolvam os problemas dos guetos, e que novos meios de redução ou eliminação de detritos estabilizem a poluição ambiental. Podemos assinalar notáveis realizações em todos esses campos, e não é nenhuma surpresa a tentativa de ampliá-las. Mas a situações caminha decididamente para o pior, e é desanimador constatarmos o aumento dos erros da própria tecnologia. A falta de uma infra-estrutura na área de saneamento básico e saúde agravam os problemas populacionais; e com a invenção das armas nucleares, a guerra adquiriu dimensões catastróficas, e a busca incessante de felicidade é em grande parte responsável pela poluição. Darlington já disse que “cada novo recurso utilizado pelo homem para aumentar seu poder sobre a terra, tem servido para diminuir as perspectivas de vida de seus sucessores. Todo o seu progresso foi realizado à custa do prejuízo ao ambiente, prejuízo este que não consegue reparar nem poderia prever”.
É difícil dizer se o homem seria ou não capaz de prever os danos, mas, deve repará-los ou tudo estará perdido. Isso só será possível se se reconhecer a natureza da dificuldade. Se nos limitarmos à aplicação das ciências físicas e biológicas não resolveremos nossos problemas, pois as