Uma sociedade em chamas, a prática jurídica e as mudanças sociais - Resenha crítica do filme "Z"
A prática jurídica e as mudanças sociais
Por Priscila Mesquita Martins As recentes manifestações populares no Brasil trouxeram à tona uma reflexão que há muito permeia a sociedade, qual deve ser a atuação e o posicionamento de um operador do Direito mediante as revoluções sociais e os excessos do Estado? O filme “Z – A orgia do poder”, de 1969, do renomado diretor Costa Gravas e o os textos do livro “Ensino Jurídico e Mudança Social”, de 2009, do autor e professor da Unesp Antônio Alberto Machado, mostram claramente que ao longo de quase 50 anos a sociedade mudou, mas a repressão das revoltas populares ainda é incisiva e o medo de perder o poder ainda faz com que as classes dominantes utilizem o maquinário estatal e o sistema jurídico como forma de opressão popular. “Z” é um suspense político que trata de fatos reais ocorridos em 1963 na Grécia. É um filme de posicionamentos marcantes que se inicia com uma reunião de militares que comparam seus opositores a fungos que precisam ser exterminados antes que contaminem o restante da população. Em seguida, ao contrário das películas tradicionais, surge uma frase de impacto que alerta para veracidade dos fatos ali apresentados: “qualquer semelhança com eventos reais ou pessoas vivas ou mortas não é casual, mas intencional. A história então se desenvolve a partir de um incidente ocorrido com um deputado esquerdista grego.
Este em conjunto com seus correligionários promove uma reunião pela paz e contra a permissão de instalação de mísseis bélicos americanos em território grego. Desde o princípio a alta cúpula militar grega tenta impedir tal encontro, usando de diversos meios para impedir que eles consigam um local adequado para realização do mesmo. No entanto, não só a reunião é um sucesso de participantes, como alto-falantes são posicionados do lado de fora para que a população possa acompanhar o conteúdo discutido do lado de fora do evento.
Ao término da reunião o deputado é