Uma casa dividida
Uma das minhas sensações favoritas com jogos foram aquelas raras ocasiões em que do nada um jogo muda a forma com a qual se vê o mundo, ou te ensina algo siobre si mesmo. Recentemente eu tive uma experiência assim, um videogame me fez uma pergunta que eu não podia responder, eu estava jogando o jogo, cheguei a certa parte e tive que largar o controle e pensar. Eu fiz uma pausa, me sentei. Ao sair do meu momento de reflexão eu peguei o controle sabendo o que fazer(ou o que eu faria) e fazendo isso eu aprendi algo sobre mim mesmo. Neste texto eu vou discutir essa questão, esse momento em um jogo que mostra o quanto impacto um cenário bem formulado pode ter.
O jogo se chama Mass Effect 2.(spoiler alert) Chega um ponto em Mass Effect 2 em que o jogador é levado a decidir o destino de uma facção dos Geth, uma raça senciente de maquinas. Os Geth foram inicialmente um grupo unificado que então acabou por ter diferenças ideológicas e religiosas, e agora uma facção dos Geth acredita que é a vontade divina destruir o comandante Shepard(o jogador) e a outra facção acredita que devem proteger Shepard. Ao jogador é dado a escolha de ou destruir a facção dos Geth que quer a morte de Shepard ou reprogramá-los de tal forma que eles acabam partilhando a crença do grupo dos Geth que quer protegelo. Eles nem vão saber que foram reprogramados.
Existe uma clara questão da narrativa sendo feita, mas o que realmente nos está sendo perguntado(ao jogador)? Num nível superficial isso é uma pergunta sobre como você lida com fundamentalismo religioso, o jogo tenciona nos levar a considerar assuntos globais contemporâneos e nos perguntar se estas são realmente as duas únicas soluções, se há opções além de destruição total ou a debilitamento fundamental da crença. Mas existe outra questão, uma mais introspectiva, tão séria quanto qualquer pergunta sobre a vida moderna se ainda mais abstrata. Fundamentalmente ao jogador é perguntado o que quer dizer ser humano, qual o