Uma analise psicossocial da escritora maria carolina de jesus.
Carolina Maria de Jesus é um exemplo de fortes determinações, esta autora violou os códigos que sustentavam a imobilidade e reprodução da desigualdade social no Brasil. Agindo como “um ser ativo, social e histórico”, Carolina publicou em 1960 “ Quarto de Despejo”- Um diário de uma favelada, onde espelhava-se nas determinações de raça, classe social, escolarização, profissão, preconceito, sexo e idade da autora. Relata em seu livro a fome cotidiana, a miséria, os abusos e preconceitos sofridos por ela, por seus filhos e alguns favelados. Sofreu os efeitos do rompimento com a continuidade, não por acaso a chamaram de difícil, insubmissa, petulante, geniosa, atrevida, rebelde, ousada, explosiva, agressiva e desafiadora. Em menos de 12 meses, mais de 70 mil exemplares foram vendidos, em cinco anos seguidos o ‘’Quarto de despejo’’ foi traduzido para 14 idiomas e alcançou mais de 40 países. Mesmo tendo estudando apenas até a segunda série do curso primário, ela utiliza a linguagem para descrever a perspectiva interna da favela e fazer que seus leitores quebrem a ideologia imposta pela sociedade e até mesmo a visão de alguns autores, de: uma favela boa, sem conflitos, onde todos estão prontos para ajudar uns aos outros; outro de seus objetivos é fazer com que reconheçam a dificuldade que é sobreviver ali, fazendo com isso que as pessoas construam suas consciências. Ana Carolina teve o objetivo de conhecer e reproduzir o momento histórico da favela, identificar as determinações e desvenda-las, indo do particular (da favela) para a vida pacata dos leitores de todos os países, com o intuito de que haja uma mudança social com fundamentação no materialismo histórico-dialético, onde para Marx, segundo Sergio Lessa é:
“O mundo dos homens nem é pura ideia nem é só matéria, mas sim uma síntese de ideia e matéria que apenas pode existir a partir da transformação da realidade (portanto é material)