Uma analise critica em torno da Africa que temos hoje
Sexta-feira 27 Junho, 2014
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‘E se África recusasse o desenvolvimento?’, de Axelle Kabou
Axelle Kabou
Foto (DR)
1990 : uma camaronesa chamada Axelle Kabou, publica um livro que vai ressoar como um trovão. Intitula-se:
“E se África recusasse o desenvolvimento?”.
Axelle Kabou : «O sub-desenvolvimento de África não se deve à falta de capital. Seria ingenuidade acreditar nisso. Para compreender por que motivo este continente não parou de regredir, apesar das suas riquezas consideráveis, é preciso em primeiro lugar perguntarmo-nos como é que funcionam as coisas ao nível microeconómico mais elementar: na cabeça dos africanos.»
E se África recusasse o desenvolvimento?
Regresso a um livro maior que surgiu já há 23 anos… Nesse livro, Axelle Kabou estigmatiza as mentalidades africanas e acrescenta que, desde Levy Bruhl, criticar as mentalidades africanas se tornou tabu. (Lucien Levy Bruhl é um intelectual francês que explicava o atraso tecnológico dos não ocidentais pela sua mentalidade “pré-lógica”. A sua tese sobreviveu-lhe, embora a tenha renegado no fim da vida N.R.).
Axelle Kabou opõe-se a tudo o que se diz geralmente sobre o desenvolvimento de África e põe o dedo na ferida. Aponta o dedo às responsabilidades africanas e chega aperguntarse se “a vontade de desenvolvimento dos africanos não será um mito”. Dá como exemplo o projecto panafricano de Nkrumah, sabotado pelos próprios dirigentes africanos, preocupados em jogar as suas cartadas pessoais e em conservar os seus “territórios”.
Kabou cita Nkrumah : “Entrámos, diz ele, num mundo onde a Ciência transcendeu os limites do mundo material e onde a tecnologia invadiu até os silêncios da natureza. O tempo e o espaço foram reduzidos à categoria de abstracção sem importância. Máquinas gigantes traçam estradas, abrem as florestas à agricultura, escavam barragens, constroem aeródromos (…) o mundo já não avança ao ritmo dos camelos ou dos burros. Já não