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Em meados de 2013, ocorreu no Brasil uma série de manifestações que contou com a presença de multidões de participantes insatisfeitos em diversas cidades do país. O que desencadeou tamanha revolta foi um aumento de 20 centavos no preço das passagens de ônibus em São Paulo, mas será este o único motivo que levou tantas pessoas a protestarem nas ruas não só de São Paulo mas de todo o país?
Na realidade, os 20 centavos que inicialmente eram o motivo central dos protestos do movimento Passe Livre logo se tornaram um estopim que trouxe à tona insatisfações antigas da população brasileira. As manifestações passaram a agregar grupos variados, transformando-se numa grande massa de revoltosos que se colocaram contra todos os abusos que vinham sendo praticados pelo governo há anos. Entre os protestos figuraram reivindicações a respeito das deficiências dos sistemas de educação e saúde públicas, da má qualidade dos transportes públicos e, principalmente, da corrupção que infesta o governo brasileiro. Afinal, o Brasil é um dos países do mundo onde mais se cobram impostos, mas esta situação não se reflete em investimentos do governo em infraestrutura e na qualidade de vida da população.
Dessa forma, os 20 centavos podem ser vistos como uma causa simbólica que representa uma entre muitas taxas excessivas que os brasileiros pagam ao Estado, sem receber nenhum benefício em troca. As manifestações de 2013 desafiam justamente esta postura historicamente presente na política brasileira, de que a população deve servir ao Estado, e não o contrário. Seja na República Velha com as eleições fraudulentas e a manipulação dos votos, ou mais adiante com governos populistas e medidas demagógicas, ou nos dias atuais com escândalos de corrupção e roubo, o foco sempre foi o bem-estar dos governantes e não dos governados.
Não foram, portanto, apenas 20 centavos que levaram à união de milhares de pessoas contra o governo. Foi o contexto em que esta taxa estava