Um Pinguim na prefeitura
Pele negra, olhos profundos e um humor incomparável, essa é a imagem de Seu Pinguim um cidadão que vive de forma pacata, esbanjando felicidade pelos lugares que passa.
Sentado em sua cadeira preta, de traje devidamente alinhado, diante da mesinha que abriga os seus pertences está Francisco Carlos Cândido da Fontoura, 58 anos, vigilante da Prefeitura Municipal de São Borja. Mais conhecido como ‘‘Seu Pinguim’’, ele exerce sua função com êxito. Casado há mais de trinta anos com a doméstica Elizabeth é pai de Natiéli, hoje com 25 anos, que foi embora para o Espírito Santo, onde trabalha em uma multinacional da Embratel. Pergunto-lhe se já foi visitar a filha e ele conta-me que ainda não, mas que está sempre em contato. Comenta que está juntando um dinheiro para ajudá-la a comprar um apartamento.
Com o passar dos minutos, é nítido ver como Seu Pinguim é querido por todos em seu local de trabalho. Quando sobem e descem pelo elevador, ou quando usam as escadas, as pessoas que por ali passam nunca deixam de dizer ‘‘Oi tudo bem? Como vai o senhor?’’
Estudante até a sexta série do ensino fundamental, seu primeiro trabalho foi de copeiro, aos 18 anos, na Cotrisal. Logo depois, o primeiro emprego de carteira assinada foi na Serralheria Buligue, onde se especializou em acabamento de alumínio. Lembra que eram cerca de 60 funcionários na época, e que cada um tinha o seu espaço exclusivo para fabricação.
NOVOS RUMOS
Ao ser demitido depois de 20 anos, não se deixou abalar. De empregado passou a empreendedor. Com a vasta experiência que conseguiu como serralheiro, abriu sua própria microempresa em casa, a ‘‘Box Pinguim’’ onde fabrica e comercializa box para banheiro.
Mas a vida ainda lhe guardara outra oportunidade: a de fazer o curso de vigilante. Na ocasião, o trabalho surgiu após um período de doze dias de treinamento em Guarulhos/SP, onde ficou doze dias aprendendo tudo