Um livro equivocado sobre a suposta equivocação religiosa
Françoá Costa*
Li, não sem desgosto, o livro de Antônio Andrade, “o maior equívoco da ignorância humana”1. Escrito por uma pessoa que tem as características de um
“neoconverso” ao ateísmo, Andrade manifesta entusiasmo e proselitismo, acompanhados de uma persuasão emotiva. O sr. Andrade explica o seu ateísmo com características de uma nova religião, e isso para quem defende que existe um “vírus da religião” (p. 58).
1. A religião ao microscópio
Por falar em vírus da religião, é preciso dizer que essa ideia não é do sr.
Andrade. A revista “Época” de 13 de novembro de 2006 trazia algumas ideias de
Richard Dawkins, ateu, entre as quais está justamente a ideia do “vírus” da religião.
Dawkins, para descrever o crescimento da fé entre os homens, parece ter inventado a teoria segundo a qual as ideias religiosas se multiplicam infectando as mentes indefesas das crianças, como vírus, que ele chamou de “memes”. Os memes são vírus egoístas e que trazem muitos prejuízos. Essa teoria é tão absurda que a mesma revista época termina dizendo que “a história natural da religião proposta por Dennett e Dawkins também exige ainda uma dose de fé”. Afirma-se comumente que quando não se crê em
Deus, não é que não se crê em nada, crê-se em qualquer coisa. Dawkins e Andrade pertencem a essa religião chamada “ateísmo”. Além disso, quem lê o livro de Antônio
Andrade percebe a sua inclinação para os elementos religiosos da Ásia. Curiosamente, o sr. Andrade sugere os novos Dez Mandamentos, cujo primeiro é o seguinte: “aprenda a amar a natureza e viva com um sentimento contínuo de alegria e encantamento” (p. 25).
Assim como o autor omite o fato de que a ideia do vírus religioso não é sua, isto é, não cita a Dawkins ou a seu inventor, é de observar-se também que o livro não traz bibliografia, citações ao pé da página (nem ao final do capítulo ou do livro!)... Trata-se de um trabalho pouco científico para