Um fotógrafo com olhar crítico e humano
ARTIGO
Um fotógrafo com olhar crítico e humano
Armínio Kaiser desenvolveu um trabalho de grande valor documental para se entender a vida em torno das fazendas de café no Norte do Paraná
A fotografia documental perdeu no último dia 20 um de seus grandes nomes no Paraná: o sr. Armínio Kaiser, fotógrafo intuitivo de grande talento, mas que tinha como atividade principal a agronomia. Foi técnico do antigo Instituto Brasileiro de Café (IBC) por 36 anos, de 1953 até 1989, quando o órgão foi extinto.
Detendo-nos aqui somente em torno de sua produção fotográfica (sua atividade como agrônomo merece outro espaço), a grande riqueza de sua produção ocorreu durante o período em que trabalhou nas lavouras de café do Norte e Noroeste do Paraná, para onde veio em 1957 e aqui permaneceu.
Nas visitas às fazendas, carregava sempre consigo uma máquina fotográfica e filmes em preto e branco para documentar o que via, com o seu olhar aguçado, crítico e humano.
Sua sensibilidade para enxergar os dramas das famílias e documentar todo o processo de produção e armazenamento do grão para a exportação (que na época era quase 100% braçal), o fizeram um fotógrafo único na região. Parte da obra de Kaiser vem se transformando em livros desde 2008, por iniciativa sua e do Instituto Câmara Clara (de Londrina), que trabalha com imagens, voltado à recuperação da memória.
A obra de Kaiser também é estudada e divulgada na UEL pelo professor Paulo César Boni, grande entusiasta da fotografia, coordenador do Grupo de Pesquisa Comunicação e História, e docente do Mestrado em Comunicação Visual da UEL.
Recentemente, um dos livros de Kaiser ('Ao sabor do café', de 2008) foi tema de artigo no qual estudei o discurso fotográfico em sua obra. Foi identificado como um traço peculiar a intenção de humanização da cena rural em suas fotografias.
"Uma demonstração dessa escolha de Armínio é que no livro 'Ao sabor do café', das 151 fotografias