Um estudo sobre as metodologias de atendimento utilizadas nos abrigos de municípios da baixada santista
1. Desenvolvimento do Tema
1.1. HISTÓRICO DOS ABRIGOS NO MUNDO E NO BRASIL
Será apresentado a seguir um breve resumo do Histórico dos Abrigos no Mundo e no Brasil, embasada em estudos realizados por Flandrin (1988 in TRINDADE). Nas pesquisas detalhadas existentes destaca-se a concentração urbana dos abandonos, sobretudo na segunda metade do século XVIII. Um estudo comparativo do número de batizados, abandonos e nascimentos, feitos para França e a Itália, permitiu concluir que ocorre mobilidade entre crianças abandonadas e que essas foram transportadas da zona rural para as vilas. A concentração do abandono nas vilas devia-se a várias razões, sendo a mais importante delas o fato de se caracterizar como um refúgio seguro contra o escândalo e a reprovação de gravidez indesejável. Na Europa mostram-se mais numerosas, sobretudo após a década de 60 que tem seus conteúdos contextualizados nos aspectos gerais de fenômeno do abandono de crianças, ressaltando as dificuldades encontradas com a documentação. As práticas de abandono de crianças circunscreviam-se ao espaço urbano das vilas. Um dado importante é mostrado pelo quadro de legitimidade dos abandonados, evidenciando que não apenas os ilegítimos são recusados pelas mães e pelos parentes, mas que também há uma proporção crescente de legítimos estão nessa situação.
Nas vilas existiam pessoas, que sob remuneração ofereciam seus serviços às moças grávidas e às mães solteiras, algumas chegaram a fazer anúncios em jornais, como foi constato por MOLIN, (1983, in TRINDADE), em seu estudo sobre Milão. Essa prática parece comum também em outras regiões da Europa no século XVIII. Outro aspecto encontrado é a mobilidade de abandonados, que aparece bastante elevada no decorrer da época moderna. É importante o ponto de vista demográfico, das mentalidades e das condutas da comunidade a relação dos abandonos por sexos. O hábito de abandonar é maior em meninas, alegando que o investimento e ganho não existem, a