Um empresário cinquentão
O dia estava nublado, como raramente acontece na terra do sol. Pingavam as últimas gotas de uma chuva que há uma hora tinha sido responsável por aumentar ainda mais o trânsito da cidade. Os raios do fim de tarde já começavam a aparecer ao mesmo tempo em que as luzes dos postes eram acesas. Mas não era o trânsito ou a chuva que estava preocupando o Sr.
Resende. Mais cedo, por volta de 14:00 estava chegando ao escritório na volta do almoço quando Elisa, sua secretária, o avisara que um dos clientes havia ligado reclamando que o gerador que alugaram para uma construtora tinha apresentado falhas.
- Eles disseram qual foi o problema?
- Falaram que na hora de ligarem os aparelhos da construtora no gerador, a energia oscilou. Mas garantiram que os aparelhos deles estavam com tudo em ordem. - Quem é o técnico responsável pelo aluguel deles? Mande ele resolver esse problema. - É o Luís, mas hoje ele não pôde vir, está doente. Na verdade, desde ontem que ele não vem.
- Que maravilha. Ok, sem problemas. Anote o endereço de onde o gerador está e avise a eles que a manutenção já está saindo. Eu mesmo vou lá.
Entrou no carro, ascendeu a meia-luz e partiu.
Durante o caminho lembrou da discussão que tivera com Laura antes de sair de casa. Os 18 anos de casados estavam pesando e os dois filhos adolescentes juntamente com a necessidade de se fazer cada vez mais presente na empresa agia como se todos os dias fossem acordados com alguém jogando um balde de gelo neles. Os problemas chegavam antes mesmo do primeiro bom dia.
Para Resende, desculpem-me o trocadilho, mas o “problema do problema” é o ambiente em que ele se desencadeia. Em sua empresa existe o politicamente correto, a educação obrigatória e uma imagem a zelar. Por mais difícil que seja um relacionamento profissional essas regras básicas se perpetuam para que as soluções cheguem. Em casa o jogo é diferente, ninguém quer ser promovido, ninguém fará o politicamente correto por medo de ser demitido. As