Um dia depois de amanhã
Marilena Chauí
Filosofia, (Marilena Chauí, Ed. Ática, São Paulo, ano 2000, pág. 170-172) Opondo-se à moral do coração de Rousseau, Kant volta a afirmar o papel da razão na Ética. Não existe bondade natural. Por natureza, diz Kant, somos egoístas,ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos. É justamente por isso que precisamos do dever para nos tornarmos seres morais
<< Os imperativos são hipotéticos ou categóricos.
Os imperativos hipotéticos são aqueles que determinam que se queres uma determinada coisa deves fazer uma determinada ação (faz x para alcançar y), quer dizer, o imperativo hipotético é meio para a realização de um fim exterior à ele. O imperativo hipotético afirma que a ação é boa em vista de qualquer intenção possível ou real. No caso do imperativo hipotético possível opera-se com um princípio problemático, isto é, opera-se com regras de destrezas, como imperativos técnicos. No caso do imperativo hipotético real, opera-se com um princípio assertórico prático, como os conselhos de prudência, como imperativos pragmáticos. Ambos são analíticos.
Por sua vez, os imperativos categóricos são objetivamente necessários, isto é, são fins em si mesmos e operam com um princípio apodítico prático, quer dizer, necessário, constituindo o verdadeiro imperativo da moralidade. O imperativo categórico impõe-se a si mesmo e não pela finalidade que quer atingir; ele é necessário e tem um caráter de lei prática. O imperativo categórico é expresso em uma proposição sintética a priori, pois possui uma possibilidade a priori. O imperativo categórico (lei moral) é uma imposição do sujeito noumênico á sua dimensão fenomênica e, por isso, é o único imperativo da moralidade. É necessário buscar de maneira apriorística a possibilidade dos imperativos categóricos. Só ele possui o caráter de uma lei prática, pois os imperativos hipotéticos podem ser