Ulysses
O filme Ulysses é baseado na obra “A Odisséia” de Homero e traz toda uma trajetória de um rei que depois de uma longa guerra trava uma nova batalha para conseguir voltar para casa, reencontrar sua esposa Penélope e seu filho Telêmaco. Mas qual é o fio condutor entre a história de Ulysses e a Hermenêutica Jurídica?
Faço aqui referência a Ordep José Trindade Serra, que em sua obra “A Antropologia, a Mitologia e sua Escrita” (Clássica, 11/12: 15-36, 1998/99) fez a seguinte indagação:
“(..) como é que mentiras cuja falsidade já se tem por demonstrada há séculos, ainda assim não se apagaram da memória coletiva, não desapareceram diante da certeza adversa? Se sua pretensão à verdade, e até à verossimilhança, foi desmoralizada, porque os mitos gregos não foram esquecidos? Por que esses mitos foram conservados, sendo rejeitados?”
O processo de interpretação é movido pelo desejo de desvendar, compreender e quiçá poder realizar o irrealizável. Vejamos que a mitologia ajuda e muitas vezes se confunde com esse processo de interpretação, pois o mito não só simula uma explicação sobre as origens do homem e do mundo em que vivemos como também traduz, através de uma vasta simbologia, o modo como um povo ou civilização dissolve seus conflitos, entende e interpreta sua própria existência, trazendo toda uma trajetória que justifica, de certo modo, as atitudes empregadas.
Os mitos deixam indícios de como podemos resolver nossos próprios conflitos, porque passamos a enxergar determinado fato não como algo distante e longe da nossa realidade, pelo contrário, analisamos o fato como se estivéssemos inseridos naquele contexto, pois ali estão explícitos sentimentos que fazem parte da essência humana (raiva, orgulho, saudade, amor, humilhação, vingança, impotência...) e que todos estão sujeitos a eles e as atitudes advindas deles.
Nota-se que quando Ulysses fez a chacina em sua casa não despertou no