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(Canto IV, Estrofes 90 a 104).
Vasco da Gama, herói de Os Lusíadas, conta ao rei de Melinde a história de seu país, Portugal. Na parte final de seu relato, Vasco fala-lhe de sua própria viagem até a Índia e é então que começa o episodio “O Velho do Restelo”.
Os navios portugueses estão prestes a sair. Com medo de sofrer ou se arrepender, os marinheiros, não olhavam para as mães, filhos e esposas. Vasco da Gama decidiu que embarcariam sem a despedida, porque, ainda que seja um bom costume porque mostra o amor das pessoas, faz sofrer quem parte e quem fica.
Mas um velho de aspecto respeitável, que estava entre as pessoas, na praia, olhando para os navegadores e balançando a cabeça negativamente, levantou um pouco mais alto a voz grave. Sua voz foi ouvida claramente pelos que estavam no mar e, com uma sabedoria feita de experiências, disse algumas palavras sábias, inteligentes e profundas.
Este prazer dos homens de dominar e a cobiça fútil e sem valor da fama são tolices ilusórias, passageiras. Esta satisfação falsa, enganadora, é estimulada pelas pessoas que a chamam de honra. Isso castiga grandemente os homens de coração tolo, vazio que ambicionam o poder e a fama, fazendo com que experimentem muitos suplícios e crueldade. Note que a expressão "peito vão", nesta estrofe, opõe-se a "experto peito", na estrofe anterior. Essas estrofes remetem ao livro bíblico de Eclesiastes, em que o rei Salomão afirma e argumenta que "é tudo vaidade" e que "Melhor é ouvir a repreensão do sábio, do que ouvir alguém a canção do tolo".
Essa ambição causa angústia e perturbação e é origem de abandonos e adultérios, além de destruir fortunas e Estados. Chamam-na de nobre e elevada, quando é digna, merecedora de desmoralizantes insultos, palavras infamantes. Fama e glória são palavras para enganar o povo ignorante e tolo.
E o velho pergunta que novos desastres serão causados ao reino e ao povo em nome de alguma palavra enobrecedora. Que promessas