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Por Daniel de Araújo Souza
Nas regiões do país onde a citricultura é uma atividade significante, sempre há uma grande disponibilidade de bagaço de laranja na época de colheita por parte das indústrias de processamento. O bagaço de laranja in natura, o qual chamaremos aqui de polpa cítrica úmida (PCU), é utilizado na dieta dos animais das propriedades rurais circunvizinhas àquelas indústrias processadoras que não decidiram por investir no processo de secagem do bagaço de laranja para a produção da polpa cítrica peletizada.
A PCU é um subproduto que se caracteriza, sobretudo, pelo seu alto nível de umidade apresentando geralmente entre 75 e 85% de água (ou 15 a 25% de matéria seca), e pelo seu elevado teor de carboidratos fermentecíveis, os quais formam um perfil de alimento cujo adequado armazenamento é crucial para que seu uso seja satisfatório e forneça bons resultados, tanto técnicos quanto econômicos.
A elevada umidade da PCU constitui-se no principal fator limitante a sua utilização, impedindo uma participação mais substancial na dieta. No entanto, esse excesso de umidade pode ser útil quando se trabalha com certos ingredientes na ração total produzindo uma mistura mais homogênea e evitando a seleção de alimentos no cocho, assim como, para suprir os requerimentos de água dos animais, o que pode ser particularmente importante em algumas regiões do país, como o semi-árido nordestino.
A PCU pode ser utilizada na forma in natura podendo participar em até 30% da matéria seca (MS) da dieta, a depender dos outros ingredientes envolvidos, sem comprometimento de desempenho, devendo ser consumida rapidamente uma vez que os altos níveis de umidade e de carboidratos fermentecíveis a tornam um produto de fácil deterioração. Ambas características, associadas às altas temperaturas presentes em nosso país e a um tempo de armazenamento prolongado dão suporte ao crescimento de fungos que promovem a degradação aeróbia do material,