Tópicos sobre Shunyatã

No budismo Mahãyãna (Grande Veículo), vacuidade (Skt. shûnya) é um dos
Vacuidade
Shûnya - Shûnyatã conceitos que desafia as capacidades mais argutas do pensar. Muitos foram (e são) os que entenderam esta palavra como denotando o “nada”, o vazio, nihil. Assim, também nas Terras de Bhãrat, tanto Jainas como os seguidores do Vaidika Dharma (Via Védica) condenaram erradamente a Escola Shûnyavãda como advogando o niilismo, apesar dos veementes protestos dos mãdhyamikas.
Vacuidade é Tathatã ou modo real das coisas, a ausência de ser em si e por si, a não-substancialidade de um fenómeno. A Vacuidade não esvazia as coisas dos seus conteúdos (não é um niilismo), sendo paradoxalmente a sua verdadeira natureza. Não é um "nada", uma vez que as coisas surgem pela co-produção condicionada (originação dependente, pois do nada, nada vem).
Não existe um entendimento comum sobre o significado e as implicações de Shûnya. Assim, segundo os Veículos e as Escolas, a palavra tem significados diferentes, ou seja, esconde conceitos diferentes, que dependem da orientação metafísica, ontológica, fenomenológica, ou, dito de outro modo, das teorias ou modelos subjacentes de causalidade e tempo. Para os shrãvakas e pratyekabudas do Hinahyãna (Pequeno Veículo; 1ª Roda do Dharma), implica a ausência de existência própria de um eu individual (pudgãla). No Mahãyãna (2ª e 3ª Rodas do Dharma), entendem-se todos os fenómenos como vazios de existência própria.
Esta ausência de identidade própria ou “insubstancialidade” (dharmanairãtmya) é a audiência de “ser em si”, de todos os fenómenos agrupados pela mente do sujeito cognoscente (do que se entende como sujeito que apreende) e dos objectos cognizados (os objectos apreendidos pela vijñãna relativa). Para a Escola Cittamãtra (tudo é Consciência), a vacuidade dos fenómenos é a vacuidade da dualidade do sujeito-objecto, ilusoriamente “colocada” no seio da Pura Consciência, somente ela real (para a Escola Yogacãra). Na Mãdhyamaka, a vacuidade é a