Turismo e cultura caiçara
A paisagem do litoral de Angra dos Reis é composta por pequenas planícies sedimentares, separadas por costeiras, e ainda conta com uma infinidade de baías, angras, sacos, enseadas, restingas, mangues, entre muitas ilhas e a mata atlântica.
A cidade teve sua ocupação inicial no período colonial e a região manteve preservada até as décadas de 1950 e 1970, que foi quando iniciou a atividade turística, com acesso restrito a uma pequena parte da população que vivia nas sedes do município. E dos anos 80 para cá a paisagem foi se modificando.
Essa mudança aconteceu principalmente por causa da implantação e pavimentação da BR-101 (Rio-Santos) que movimentou ainda mais a atividade turística, acelerou o processo de urbanização e cresceu a especulação imobiliária, e isso acabou causando a expulsão das comunidades caiçaras.
A expulsão dos caiçaras teve como fator principal, a chegada de turistas em busca de sol e área verde. E a região que antes era o local de moradia dos caiçaras, hoje são grandes condomínios com mansões de luxo, e aos caiçaras restou o sertão, que são locais mais distantes da beira-mar. A paisagem vem sendo desmantelada e privatizada.
Anteriormente existia um ajuste entre a cultura caiçara e a conservação dos recursos naturais. Mas atualmente, com o capitalismo, a economia ganha prioridade, os recursos naturais foram transformados em mercadoria e a relação do homem com a natureza também se modificou: a pesca tornou-se predatória, a terra virou propriedade privada e a reserva ecológica que protege a mata, mas não o homem que dela faz parte.
E não é apenas a paisagem que sofre uma transformação e degradação, os caiçaras, assim como as culturas litorâneas tradicionais do país, estão sendo consumidas junto com a paisagem primitiva.
Os governos (federal, estadual e municipal) tem que apressar em regulamentar o setor turístico, pois a iniciativa privada não tardará em implementar suas estratégias