DESASTRES DE UM PLANO DE SUCESSO NUM ITEM EM QUE O ENGANO CONSIDERADO FATAL Se a inflao aleija, o cmbio mata. O visionrio economista Mrio Henrique Simonsen (1935-1997) repetia essa advertncia a alunos e economistas com responsabilidade de gesto pblica. Pois foi o cmbio, no a inflao, que quase matou o Plano Real em dois momentos em maro de 1995 e em fevereiro de 1999, nas duas vezes que o governo FHC decidiu desvalorizar a nova moeda, ambas de forma desastrada, em contraste com o brilhantismo e talento da equipe de economistas que criou e administrou o Real e o cmbio nesse perodo. Foi tambm Mrio Henrique Simonsen, com percepo sempre sbia e arguta, que, em artigo publicado na revista Exame, em fevereiro de 1995, celebrou a Unidade Real de Valor (URV) como a mais genial inveno do Plano Real, mas alertou que o real estava supervalorizado e precisava ser corrigido. Dez anos depois possvel reconstituir a histria, clarear acontecimentos que ficaram obscuros na poca, porque o momento exigia sigilo para assegurar xito ao plano. Tudo comeou com o Plano Larida, expresso criada pelo economista norte-americano Rudiger Dornbush para designar artigo de autoria da dupla Andr Lara Resende e Prsio Arida, publicado nos Estados Unidos, em 1984. Na poca, as idias do Larida foram mal recebidas. Diziam que era truque, mgica e provocaria a hiperinflao no Pas, conta Prsio Arida. Mas foi justamente o truque contido no Larida que deu vida URV, o mais notvel pilar do Plano Real, na definio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lanada em 28 de fevereiro de 1994, a URV virou nova moeda - o real - quatro meses depois. Cada etapa do plano foi preanunciada, o truque era justamente no ter surpresas, varrer do imaginrio popular o sobressalto dos desgastados e fracassados pacotes e congelamentos de preos. O inesperado aconteceu em um nico detalhe sem nenhuma definio a priori, o mercado financeiro acreditava que o real nasceria em paridade com o dlar. No. O cmbio flutuou nos primeiros