trovas

O repórter fotográfico A foi ver a fuzilaria. B
Ganhou o prémio do ano C da melhor fotografia. B
Notícias não confirmadas D informam, de origens várias, E que as tropas revolucionárias E recentemente cercadas D acabam de ser esmagadas D com perdas extraordinárias. E
Na redacção do jornal F corre tudo em sobressalto. G
A hora é sensacional. F
Toda a gente dormiu mal, F gesticula e fala alto. G

Passageiros recém chegados H do lugar da revolução I viram dúzias de soldados H prontos a ser fuzilados H e muitos já arrumados H e amontoados ao chão. I

Agora que se anuncia B já estar regulado o tráfico, A ainda mal rompera o dia B foi ver a fuzilaria B o repórter fotográfico. A
Vá lá, vá lá, felizmente, J
Felizmente que ao chegar K inda havia muita gente J que estava por fuzilar. K
Numa ridente campina L de papoulas salpicada, M um sol de lâmina fina L cortava a densa neblina L da metralha disparada. M
Berrando como vitelos L a malta dos condenados H avançava aos atropelos L e arrepanhava os cabelos L com gestos alucinados. H
O repórter já suava, N não tinha mãos a medir; O ora a máquina carregava, N apontava e disparava, N ora no chão se agachava, N pulava e gesticulava N com afanosa presteza. P

Há empregos, com franqueza, P nem haviam de existir. O
A um tipo de mãos nojentas R que aos berros sobressaía B gritando frases violentas, R focou-o mesmo nas ventas R no momento em que caía. B
Mas o melhor não foi isso. S
O melhor foi uma velhota T que pôs tudo em rebuliço. U
Rápida como um rastilho, V em convulsivos soluços, U foi estatelar-se de bruços X sobre o corpo do seu filho. Z
— Meu menino, meu menino!
Valha-me a Virgem Maria!
Que vai ser o meu destino sem a tua companhia?!
Mataram-me o meu menino!
Filho do meu coração!
Que vai ser o meu destino sem a tua proteção?!
Nunca uma cena de horror, uma tragédia tão viva, tão grande expressiva dor,
alguém