Tropicalismo: um boom de alegrias e alegorias
O presente trabalho procura apresentar o surgimento, as principais intenções e a recepção do movimento tropicalista ou Tropicalismo no final do anos 60 e começo do 70, a partir de conceitos e argumentos de alguns renomados teóricos, acadêmicos ou não, que estudaram e destrincharam o percurso, as influências e os “estilhaços” desse movimento que marcou as transformações da música popular brasileira.
Veríamos eclodir no Festival de MPB de 1967, organizado pela TV Record, com
Alegria, alegria e Domingo no Parque, respectivamente de Caetano Veloso e Gilberto
Gil, tal burburinho que seria denominado Tropicália.
Em meio a essa “explosão”, como o movimento foi caracterizado por Celso
Favaretto, a vida política do País era regida pelo autoritarismo dos governos militares. Em
1968, juntamente com a aparição do movimento, o então presidente Arthur da Costa e
Silva assina o Ato Institucional n.º 5 que legitimou, por decreto, a censura prévia a todos os veículos de comunicação em território nacional, as prisões arbitrárias e as cassações de mandatos políticos. A violência e a tortura foram formas que o Estado usou no
“diálogo” com suas ameaças políticas. Como disse Waldenyr Caldas, “O Brasil viveria seus próximos cinco anos num verdadeiro clima de terror político.”1
No plano econômico vivíamos uma política desenvolvimentista do então Ministro do
Planejamento, Antônio Delfim Netto, que ebuliu a economia brasileira e as bolsas de valores, proporcionando uma ascensão da classe média que “apostou” na estratégia econômica do Ministro e que hoje fazem parte dos “novos ricos”.
Retomando o âmbito musical, nos deparávamos com o sucesso da Bossa Nova, iniciado em finais dos anos 50 com grandes sucessos de Tom Jobim, João Gilberto,
Nara Leão, Vinícius