Ao longo do século XX o realismo torna-se a corrente de pensamento dominante da teoria das relações internacionais nos círculos acadêmicos, não apenas nos Estados Unidos, mas também em grande parte das Universidades pertencentes ao quadrante noroeste do mundo. Para legitimar o estudo das relações internacionais o percurso intelectual tomado recuperou alguns autores clássicos da ciência política como Maquiavel e Hobbes e até mesmo da história, filosofia e os estudiosos das estratégias militares da antiguidade como Tucídides. A afirmação da disciplina e do estudo acadêmico em escopo mais amplo por parte das relações internacionais levou alguns acadêmicos, pensadores e intelectuais representantes do realismo a renegar o papel das ciências sociais como fonte de inspiração teórica e epistemológica, mesmo que essa tenha bebido na fonte de abordagens intelectuais diversas das ciências humanas e inclusive algumas consideradas naturais. A visão dos realistas em relação a teoria das relações internacionais pode ser ilustrada através da interpretação do próprio Tucídides quando afirma que um mundo onde os poderosos fazem o que tem o poder de fazer e os fracos aceitam o que tem que aceitar induzem a uma lógica de engajamento em conflitos, já que a sobrevivência e o medo de sucumbirem são argumentos convincentes em termos de preparação para as guerras. A afirmação de Tucídides passa a ser emprestada pelos realistas na formulação de conceitos fundamentais que norteiam essa escola acadêmica. Esse é o caso do conceito que mais tarde será denominado de anarquia internacional; quando em um determinado momento, devido a ausência de uma autoridade legítima e soberana no nível internacional os países se sentem desprotegidos e sem uma referência de apoio no que tange a uma determinada mediação de conflitos e a utilização de sanções contra aqueles que infringirem as regras propostas pela comunidade internacional sustentada pelo pilar de uma potência hegemônica