Trechos principais - Poética - Aristóteles
Considerações gerais sobre a arte
Capítulo I
11. Não acontece que, por se ter exposto em verso um assunto de Medicina ou Física, se é chamado correntemente poeta! Entretanto, nada de comum existe entre Homero e Empédocles, salvo a presença do verso. Mais acertado é chamar poeta ao primeiro e, ao, segundo, fisiólogo, mais do que poeta. 12. De igual modo, se acontece que um autor, empregando todos os metros, produz uma obra de imitação, como fez Querémon no Centauro, rapsódia em que entram todos os metros, convém que se lhe atribua o nome de poeta.
Capítulo IV
2. [...] Pela imitação adquire o homem seus primeiros conhecimentos, por ela todos experimentam prazer. 3. A prova é-nos dada visivelmente fornecida pelos atos: objetos reais que não conseguimos olhar sem custo, contemplamo-los com satisfação em suas imagens mais exatas; é o caso dos mais repugnantes animais ferozes e dos cadáveres. A causa é que a aquisição de um conhecimento arrebata não só o filósofo, mas todos os seres humanos, mesmo que não saboreiem durante muito tempo essa satisfação. Sentem prazer em olhar essas imagens cuja vista os instrui e os induz a discorrer sobre cada uma [...].
Capítulo XXVI
1. Sendo o poeta um imitador, como o é o pintor ou qualquer outro criador de figuras, perante as coisas será induzido a assumir uma das três maneira de as imitar: como elas eram ou são, como os outros dizem que são ou como parece serem, ou como deveriam ser. [...] 7. Examinemos primeiro o [critério de avaliação] que diz respeito à própria Arte: se o poema contém impossibilidades, há falta; 8 no entanto, isso nada quer dizer, se o fim próprio da arte foi alcançado (fim que já foi indicado) e se, desse modo, tal ou tal parte da obra redundou mais impressionante [...]. 9. Contudo se o fim podia ser alcançado melhor ou tão bem, respeitando a verdade, a falta é indesculpável, pois tanto quanto possível dever-se-ia evitar