Trauma
Ana Lila Lejarraga
Psicanalista. Membro do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro. Professora adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: analejarraga@gmail.com
RESUMO
A proposta deste artigo é abordar a clínica do trauma ou da cisão em Ferenczi e Winnicott, mostrando suas aproximações e marcando suas diferenças. Na primeira parte do trabalho, estudamos a teoria do trauma patogênico em Ferenczi, sua noção da clivagem narcísica como defesa diante do traumático e suas propostas clínicas baseadas na elasticidade e sinceridade analíticas, na confiança e na regressão ao infantil. Na segunda parte, abordamos a teoria do trauma em Winnicott, sua noção de agonias impensáveis, a cisão patológica entre verdadeiro e falso si-mesmo, e suas propostas clínicas baseadas na confiabilidade analítica e na regressão à dependência. Finalmente, realizamos um estudo comparativo entre as duas perspectivas, apontando as convergências mais significativas, sem, no entanto, deixar de indicar suas divergências.
Palavras-chave: Ferenczi, Winnicott, Trauma, Regressão, Confiabilidade.
ABSTRACT
This paper's motion is to approach the clinic of trauma or of splitting in Ferenczi and Winnicott, pointing to their similarities and differences. In the first part we study the theory of pathogenic trauma in Ferenczi, his notion of narcissistic splitting as a defense in face of the traumatic, as well as his clinical propositions grounded on analytic elasticity and sincerity, on trust and regression to the infantile. In the second part we approach the trauma theory in Winnicott, his notion of unthinkable agonies, the pathological splitting between true and false self, and his clinical propositions grounded on analytic trustfulness and regression to dependence. Finally we outline a comparative study of both perspectives, pointing to their most