Trasímaco
Trasímaco era originário da Calcedónia, na Bitínia, onde terá nascido por volta de 459 a.C..
Em Atenas exercia a profissão de Advogado, já antes de 427 a.C e reivindicava o título de sofista. Conheceu a guerra do Peloponeso, em Atenas foi espectador da luta dos partidos e parece ter tomado parte, indirectamente, na vida política, redigindo discursos para outrem, pois não sendo cidadão de Atenas, não podia falar na Assembleia do Povo. Acredita-se que o seu Discurso a favor dos Larissianos deve ter sido escrito entre 413 e 399, como nos informa Aristófanes em sua comédia Banqueteadores .
Trasímaco se mostra claramente como um sofista; lê-se no seu túmulo, em baixo do seu nome “Saber é a minha profissão”.
As suas obras parecem ter consistido em "Discursos Deliberativos", um "Grande Tratado de Retórica", cujas diferentes partes seriam os Exórdios, os Enternecimentos, os Discursos Vitoriosos, os Recursos Oratórios e os Discursos de Circunstância. De tudo apenas restaram fragmentos que nos levantam dois problemas: os problemas da Constituição, que é histórico, e o problema da justiça, que é filosófico.
2. O Debate Constitucional
No fragmento "Da Constituição" Trasímaco denuncia o sistema maioritário da democracia, que se gastava em discursos contraditórios, quando o perigo se tornava iminente. O sofista faz um esforço para se elevar acima das desgraças que afligem a Cidade, cuja causa política é de duas ordens: conflito no exterior (guerra do Peloponeso) e discórdia no interior (luta entre oligarcas e democratas). A solução que Trasímaco apresentava, resumia-se numa palavra: homonoia, a concórdia( na mitologia grega, é a deusa da Harmonia e concórdia, chamada também de Harmonia, filha de Afrodite e Ares ) . Este acordo podia realizar-se a um nível duplo: no pensamento e na ação de cada indivíduo, ou seja, seria o ato de consciência de cada um; e é tanto mais fácil de conseguir, quanto já existe. Com efeito, os adversários