Transtorno Obsessivo Compulsivo
1. INTRODUÇÃO
Preocupar-se excessivamente com limpeza, lavar as mãos a todo o momento, revisar diversas vezes portas, janelas ou o gás antes de deitar, não usar roupas vermelhas ou pretas, não passar em certos lugares com receio de que algo ruim possa acontecer depois, não sair de casa em determinadas datas, ficar aflito caso os objetos sobre a escrivaninha não estejam dispostos de uma determinada maneira... Esses são alguns exemplos de ações popularmente consideradas “manias” e que, na verdade, são sintomas de um transtorno obsessivo-compulsivo, também conhecido como TOC. Considerado raro até há pouco tempo, o TOC é uma doença comum, acometendo aproximadamente um em cada 40 ou 50 indivíduos. No Brasil, é provável que existam entre 3 e 4 milhões de portadores. Muitas desses, embora tenham suas vidas gravemente comprometidas pelos sintomas, nunca foram diagnosticadas e tampouco tratadas. Talvez a maioria desconheça o fato de esses sintomas constituírem uma doença para a qual já existem tratamentos bastante eficazes. O TOC é considerado uma doença mental grave por vários motivos: está entre as dez maiores causas de incapacitação, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS); acomete preferentemente indivíduos jovens ao final da adolescência – e muitas vezes começa ainda na infância – sendo raro seu início depois dos 40 anos; geralmente é crônica e, se não tratada, na maioria das vezes seus sintomas se mantêm por toda a vida. Felizmente, têm sido desenvolvidos novos métodos de tratamento, utilizando medicamentos e psicoterapia, que reduzem sintomas e, muitas vezes, eliminá-os. O TOC caracteriza-se por dois tipos de manifestações: as obsessões ou ideias obsessivas e as compulsões ou rituais compulsivos. Como a própria pessoa reconhece que seus pensamentos ou atos são sem sentido, ela procura disfarçar tais manifestações, evitando conversar sobre esse assunto e relutando em procurar auxilio médico