Transtorno Bipolar

Introdução
O presente trabalho aborda a temática do transtorno bipolar, comumente chamado também de transtorno afetivo bipolar, bipolaridade ou transtorno bipolar do humor. O transtorno bipolar (TB) é considerado uma doença mental complexa e crônica, por suas diferentes formas de manifestação e pelo fator de instabilidade. Examina-se, neste trabalho, além dos fatos estatísticos, no que consiste o transtorno bipolar – e seus episódios de mania e hipomania –, seus aspectos históricos e suas expressões nas diferentes sociedades – os quais remontam desde a Grécia antiga, com Araetus, no século I –, as formas de intervir e lidar com o transtorno – intervenções farmacológicas e terapêuticas – e, por fim, também uma reflexão crítica acerca do tema – como a discrepância no volume entre as explicações genéticas e aspectos sociais.

Aspectos históricos e representações nas sociedades
Para descrevermos um pouco sobre o histórico dos estudos acerca do transtorno bipolar, podemos remontar ao século I depois de Cristo, quando Araetus da Capadócia, conhecido pela precisão de suas descrições, escreveu textos referentes à unidade da doença maníaco-depressiva (Akiskal, 1996 apud Del-Porto e Del-Porto, 2005). Ele conseguiu estabelecer de forma explícita um vínculo entre a mania e a melancolia, caracterizando-as como aspectos diferentes de uma mesma doença.
Avançando no tempo, encontramos os estudos de Falret e de Baillarger, na França do século XIX. Eles, de maneira independente, descreveram forma alternantes de mania e depressão, chamadas de folie circulaire (Falret) e folie à double forme (Baillarger) (Sedler, 1983 apud Del-Porto e Del-Porto, 2005). Porém, seus conceitos se diferenciavam no que diz respeito aos “intervalos lúcidos” entre as fases. Enquanto Falret considera todas as fases de mania e depressão separadas por longos períodos de tempo (Sedler, 1983 apud Del-Porto e Del-Porto, 2005), Baillarger não considera os intervalos, apenas as fases que se sucedem