Transfomações do trabalho no capitalismo
Por José Dari Krein e Marcelo Weishaupt Proni* imprimir enviar ShareThis
* do Instituto de Economia da Unicamp
Para entender as transformações recentes no mundo do trabalho, é preciso mencionar três fenômenos distintos e complementares. Em primeiro lugar, tem relação com a própria evolução do capitalismo que tende, pelo avanço do progresso técnico, a produzir uma quantidade maior de bens e serviços com um número cada vez menor de trabalhadores. É um processo que ocorre de forma mais intensa no setor produtivo, que vai sendo compensado, em parte, pela criação de novas necessidades e serviços. Essa tendência ainda não foi capaz de relegar a segundo plano a produção de bens do setor industrial e agrícola como fonte de criação de riqueza.
Em segundo lugar, o trabalho foi fortemente impactado pela introdução de novas tecnologias e mudanças na organização do trabalho, denominada de reestruturação produtiva. À medida que o processo de trabalho e a gestão de pessoal foram sendo redesenhados no interior das empresas, os antigos mecanismos coletivos de resolução de conflitos foram dando lugar a procedimentos individualizados e aumentou a concorrência entre os trabalhadores. Ao mesmo tempo, à medida que se impôs a flexibilidade da produção e as estratégias empresariais foram requerendo uma adaptação constante às novas condições do mercado, aumentou a insegurança quanto ao futuro, diminuiu a possibilidade de planejar no longo prazo e foi exigido um caráter flexível dos trabalhadores. A instabilidade dos vínculos de emprego, a pressão por aumento de produtividade, a modulação da jornada de trabalho e os comportamentos acirradamente competitivos tornaram o ambiente de trabalho muito mais estressante, causando dificuldades de relacionamento pessoal e reforçando a propensão a doenças profissionais e a problemas psicológicos, como a depressão.
Em terceiro lugar, as duas mudanças acima se desenvolveram, a partir da